As placas do ato de ontem, na beira do Camaragibe, já dizem tudo.
Se bem que, daqui a pouco, não vamos mais precisar nem de placa, nem de faixa, nem de manifesto, nem de nada para comunicar, de tanto que essa história se repete, em todos lugares.
Você, por exemplo, que talvez não acompanhe as notícias do Recife, com certeza já ouviu ela um bocado de vezes. Pois eu aposto que tem também na sua cidade algum empreendimento megalômano pisoteando os direitos da população local. Algum condomínio “classe A” brotando por aí, privatizando mais um pedaço de mata ou de praia. E muitos gritos não ouvidos de comunidades tradicionais que veem sua qualidade de vida se deteriorando, suas atividades sutilmente impossibilitadas, e seu território virando petisco de bilionário-sem-noção.
E sem falar nas consequências ambientais globais de fatos nada isolados como esses, consequências que também dizem respeito a todes nós – a não ser que alguém tenha o plano de fugir para Marte nas próximas décadas. Pois quando comunidades de pescadores e pescadoras alertam, por exemplo, já não tem mais peixe no mar ou no rio, a gente teria que PARAR TUDO, olhar para cara do vizinhe e se inteirar de vez de que algo não está certo.
Não é?
Pois então. Aqui também, em Pernambuco, pululam as denúncias de que nada está certo, nem justo, nem sustentável neste sistema que só prega a desigualdade. Hoje, foi o povo de Maria Farinha, no litoral norte da região metropolitana de Recife, que chamou a barqueata para levantar essas pautas urgentíssimas. Muitos coletivos do estado vieram se juntar, mostrando, mais uma vez, que não há mais tempo para ficar caladx.