19 de agosto, dia do ciclista. Dia de celebrar uma nova relação com a cidade, com o tempo, com o conceito do “bem-viver”. Enquanto isso, as nossas elites políticas insistam num futurismo distópico. Não estou falando (apenas) dos donos do agronegócio ou das multinacionais que dominam o mundo. Mas também do Lula, em pessoa, mais apegado que nunca a uma visão consumista e insustentável do bem estar social.
“A gente vai garantir que o nosso povo seja um povo respeitado” – exclamou-se em Teresina, no início do mês. “O povo do Piaui pode ir para São Paulo, para Pernambuco, para Rio Grande do Sul de avião! Não precisa ir de ônibus. Vai de avião! Porque nós vamos garantir a melhoria de vida do povo Brasileiro. Quero que o pobre compre carro, televisão, celular, quero que o pobre possa ter tudo aquilo que ele produz.”
Sei que não há muita escolha nessas eleições. Eleger o Lula é a única saída sensata para escapar do desastre atual.
Mas além do voto, me parece imprescindível pautar algumas coisas, né?
Ou será que só eu pulo da cadeira ao ouvir esse tipo de discurso em 2022?
Porque mesmo sem falar em responsabilidade ambiental (e ainda não entendo como é possível escapar desse assunto), o inferno que está o trânsito nas grandes cidades já deixa óbvio que a perspectiva de cada brasileiro ter um carro não representa nenhum ideal! Se não houver investimento no transporte público ou alternativo (como bicicleta), a qualidade de vida de todes só vai piorar. Outra: mesmo com incentivo, quem não é super-rico não compra um carro a vista. Numa época em que quase 80% das famílias brasileiras já estão individadas, não sei se é uma boa brincar com o estandarte do carro particular…
E enfim… me desculpa insistir, mas resta levantar a questão ambiental.
Esse lance de viajar de avião pra lá e pra cá, depois de tantos acordos internacionais para tentar reduzir emissões de carbono, parece até piada de detrator. Aliás, o véio está meio desligado da realidade de quem paga seus deslocamentos, né… porque, dito de passagem, viajar de Teresina para São Paulo ou Porto Alegre, JÁ É muito mais barato de avião do que de ônibus.
Enfim, mais uma vez, não estou questionando o voto. Apenas estou querendo pensar além dele, para ver se a gente consegue enxergar um futuro de mais de quatro anos neste planeta.