Quarentão

Faz tempo que eu quero compartilhar um pouco da minha experiência dentro do MST. Mas é tanta coisa que não sabia por onde começar. Vivências, trabalho de base, cursos e formações… Tenho vários rascunhos de texto em cadernos que poderiam ficar esquecidos para sempre… Se não fosse o dia de ontem, que veio para instigar a mente e acelerar o processo. O Movimento faz isso. Ele faz acontecer.

Pois, o dia 22 de janeiro marcou a celebração de 40 anos de luta. Eu humildemente participei do último e posso dizer que foram muitas reuniões, muitas fotos, muitas místicas, muitas amizades e algumas cervejas.

Se perguntar, eu integro hoje a coordenação da Brigada Dom Hélder Câmara em Recife, que desenvolve um trabalho urbano através da campanha “Mãos Solidárias”, colaboro com os setores de cultura e comunicação do estado de Pernambuco e faço parte da Brigada Nacional Oziel Alves, que forma novos dirigentes no Brasil inteiro. Não sei se parece, mas acaba sendo um bocado de coisas… Tipo, já surtei com o celular enchendo de mensagens às 6h da manhã.

Agora, na prática, o que eu faço é coordenar algumas cozinhas e bancos de alimento, carregar sacos de macaxeira, cortar cebola, editar vídeos, mandar mensagens, bater tambor, dar umas oficinas de vez em quando, plantar baobás, pintar faixas, tocar violão, levantar bandeiras e atender demandas improváveis que podem surgir em qualquer momento… No início, tudo isso me parecia um caos danado e confesso que ficava meio apavorade com planejamentos feitos em cima da hora, sem um tostão de dinheiro e com zilhões de imprevistos. Mas agora eu me divirto! Cada perrengue é uma ocasião de ser criativo, cada conflito uma oportunidade de diálogo – e de tomar uma consciência de classe. Quando saio de casa, levo logo uma escova de dente e uma muda de roupas, porque nunca sei onde vou passar a noite.

Acho que não teria como listar a quantidade de aprendizados que tive neste ano, nem como medir o desenvolvimento pessoal que me proporcionou este mergulho na organicidade do movimento. O MST é uma turma gigante, abrangente, acolhedora, uma máquina de gerar esperança, uma luta infinda, cheia também de contradições e feita de pequenas conquistas que só dão vontade de continuar.

Tô junto. Longa vida ao Movimento Sem Terra! Hasta la victoria siempre!

This entry was posted in BLOG. Bookmark the permalink.

Deixe uma resposta